Se eu fosse cartunista desenharia uma charge assim: dois brasileiros de classe media alta conversando. Um, que poderia ser um psiquiatra, diria: "Vencemos a primeira batalha! Lugar de usuário de drogas é na cadeia!" O outro, que poderia ser o Tio Sam, um grande comerciante ou um político, responderia: "Graças! Conseguimos! Agora vamos privatizar o sistema carcerário!"
Uma outra tirinha poderia ser assim: Richy Martin modificando sua música e dança para o caso brasileiro: "Un, dos, tres, un pasito pa'delante Maria, Un, dos, tres, dos pasitos pa'atras".
Como não sou cartunista, e cansei de "pregar aos convertidos". Aqui vai um pequeno comentário sobre a mudança da lei de drogas no Brasil e alguns links pra quem quiser saber mais.
Quem acompanhou essa história da "epidemia do crack" e do "sucesso" do BOPE desde o início, ou pelo menos desde que esse assunto foi parar na mídia (2007-2008), sabe muito bem como tudo começou... e do que estou falando. Para quem não acompanhou a evolução da radicalização das ideias intervencionistas, contra a política humanista da redução de danos e do respeito do ser humano e de suas liberdades, aqui vai a repostagem de algumas coisas que escrevi, entre elas, uma nota da ABP (Associação Brasilileira de Psiquiatria) contra o tratamento de dependentes de drogas nos incipientes CAPS-AD e contra a construção de uma política de drogas anti-manicomial e respeitosa dos direitos e liberdades dos usuários de drogas.
E só mais um comentário para fazer pensar: acredito que políticas interessantes, inovadoras e compatíveis com um mundo mais humano infelizmente só têm sucesso, quando conseguem ficar fora dos olhares da grande mídia e portanto, da pequena grande elite neo-liberal e conservadora. Assim foi em Portugal, na Holanda e até mesmo no Brasil, que desde a década de 80 vinha implementado políticas de atenção à AIDS e às drogas em linha com os mais recentes estudos e pautadas por um profundo respeito do "doente" como agente de sua própria "cura".
Ainda me resta uma pontinha de esperança... de que essa mudança da lei de drogas não perdure e que não seja um "sinal dos novos tempos", onde a radicalização de pensamentos e a moralização das práticas vem crescendo exponencialmente e de maneira assustadora, (aqui na Europa), fomentada pela crise econômica e pelos "reajustes", que colocam em risco liberdades e práticas humanistas, adquiridas com muita luta por diferentes movimentos sociais.
Ainda me resta uma pontinha de esperança... de que essa mudança da lei de drogas não perdure e que não seja um "sinal dos novos tempos", onde a radicalização de pensamentos e a moralização das práticas vem crescendo exponencialmente e de maneira assustadora, (aqui na Europa), fomentada pela crise econômica e pelos "reajustes", que colocam em risco liberdades e práticas humanistas, adquiridas com muita luta por diferentes movimentos sociais.