Oct 20, 2009

Thomas McLellan (ONDCP) fala a Veja

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O título da entrevista é "O perigo é ser disponível", mas bem que podia ser: "Drogas lícitas podem ser mais perigosas que as ilícitas". Leia a entrevista abaixo e os (meus comentários).


O psicólogo americano Thomas McLellan, um dos mais respeitados pesquisadores do mundo no tratamento de dependentes químicos, assumiu neste ano o cargo de diretor adjunto do Escritório Nacional de Políticas de Controle de Drogas do governo americano. De Washington, ele falou a VEJA sobre os riscos do uso "recreativo" de remédios misturado ao de drogas ilegais (e também legais). Para McLellan, não há uma droga que seja uma "porta de entrada" para o vício. "Os adolescentes usam o que está mais disponível."

As drogas sintéticas podem viciar?
Todas as drogas sintéticas podem viciar, mas nem todas têm o mesmo potencial nesse sentido. Embora as razões não estejam claras, a maior parte das pessoas não se vicia em alucinógenos como ecstasy e LSD, por exemplo.


O número de mortes por overdose nos Estados Unidos é cinco vezes maior hoje do que na década de 70. Por quê?
Os opiáceos usados como analgésicos são hoje a droga mais prescrita no país. Se você for ao médico e disser que sofre de uma dor crônica, ele será quase obrigado a lhe prescrever um. A disponibilidade fez crescer o uso dessa droga, que é extremamente perigosa, sobretudo se misturada com álcool ou ansiolíticos. Outro fator é que os jovens, o grupo que mais morre de overdose, têm a falsa percepção de que essas drogas são mais seguras porque são feitas por empresas. Isso é mentira. O (analgésico) Vicodin é muito mais tóxico que a heroína vendida nas ruas. Em dezesseis estados americanos, o número de mortes por overdose já supera o de acidentes de trânsito. É uma situação alarmante.

Por que os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de anfetaminas no mundo? (o Brasil não está muito atrás)
Nossa secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que temos uma demanda insaciável por drogas. O que se sabe é que, nos países mais desenvolvidos, há um consumo maior de drogas. Aparentemente, ser viciado é um luxo. Quanto mais desenvolvido o país, mais problemas relacionados a vícios ele terá. (uso de drogas tem mais a ver com cultura , costumes de cada sociedade do que com luxo. Além disso a dependência não escolhe classe social.)

Por que o consumo de ecstasy tem crescido entre os adolescentes americanos, enquanto o de maconha diminuiu desde os anos 90?
Costumava-se pensar que a maconha fosse a porta de entrada para todas as outras drogas. Então, por muito tempo, buscou-se reprimir o uso da maconha para que o consumo de ecstasy e heroína fosse afetado. Não foi bem isso que aconteceu. Os adolescentes usam o que estiver disponível. Muitos garotos roubam drogas prescritas de suas avós para misturar com álcool. Isso nos leva a crer que não há algo como "droga de entrada". Tudo depende da disponibilidade. Combinadas com álcool, essas drogas podem ser letais. Meu filho morreu assim. (e ainda tem gente que insiste nessa teoria de "porta de entrada")

Como isso ocorreu?
Há dezesseis meses, meu filho, de 30 anos, saiu para comemorar a formatura na universidade. Misturou álcool com ansiolíticos e remédios para dormir e teve uma overdose. Perder um filho é uma sensação devastadora. Fiquei terrivelmente perturbado. Trabalhei por 35 anos em pesquisas relacionadas a tratamento de dependentes e meu filho morreu dessa maneira. Pensava: o que é que estive fazendo nesses anos todos? Quando fui convidado para trabalhar no governo, pensei que pudesse ajudar outras famílias a evitar a tragédia que se abateu sobre a minha.

Fonte: Veja

Oct 19, 2009

Ethan Nadelmann bastante otimista

A Newsweek desta semana reconta o percurso de Ethan Nadelmann: de professor em Pinceton a um dos principais defensores da legalização das drogas à frente da Drug Policy Alliance.

Nesta reportagem Ethan compara o movimento de reforma das políticas de drogas, em 2009, ao movimento gay, na década de 60 (nos EUA). Diz ser esta, uma cruzada pelos direitos e liberdades civis: desde que não estejam causando danos a outros, o estado não pode ditar o que as pessoas podem ou não podem fazer com seus corpos. Nadelmann também tomou a estratégia política dos proponentes do casamento gay, trabalhando estado por estado, esperando que eventualmente o governo federal entre no esquema. "O último local para ações neste assunto é a Casa Branca", diz Nadelmann. "Este assunto tem que bombar na cultura popular, a nível estadual, em petições e reformas legislativas. Hoje, 40% do público é a favor de tratar a maconha como o álcool e o tabaco (20% pensava isso em 1980)". Nadelmann estima que somente quando atingir 60% alguma mudança vai acontecer.

Nadelmann, acredita que estamos a beira de mudanças reais. "O fato é que estamos acostumados
com mudanças acontecendo muito lentamente e, de uma hora para outra, elas acontecem mais rápido que imaginávamos. Pela primeira vez, " ele acrescenta, "eu realmente sinto que o vento está a meu favor."

Há menos de um mês da principal conferência internacional pela reforma das política de drogas, promovida por sua organização, Ethan Nadelmann, mais uma vez nos inspira com seus argumentos e incansável postura ativista. A reportagem vale a pena ser lida na íntegra (em inglês). Com certeza um excelente "aquecimento" para Albuquerque.

Prohibition Fighter

As a Harvard grad, former Princeton professor, and the son of a respected rabbi, Ethan Nadelmann might seem like an unlikely advocate for legalizing marijuana. But when you meet him, it all makes a lot of sense.

House of Cards - Any resemblance to reality is NOT pure coincidence.

Underwood's speech in House of Cards shows astonishing resemblance to Bush's address to the Congress in 2001 when the War on Terror...